sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Um testemunho sobre a salvação

Ainda criança eu aprendi que tinha que ser bonzinho para poder ir para o Céu, pois os maus seriam condenados ao Inferno. Ao que não fosse um santo mas também não fosse tão mau havia o Purgatório, onde ele seria castigado pelos seus pecados e purificado para poder ir para o Céu. Se você fosse para o Inferno, no entanto, de lá não sairia e seria torturado pelo diabo para sempre. Qualquer semelhança com a Mitologia Grega não é mera coincidência...

"Mas por que Jesus morreu?" eu me perguntava, e as respostas não me completavam... Eu não entendia o sacrifício de Jesus. Ora, "Ele já tinha ensinado o que tinha que ensinar e constituído uma igreja; por que, então, não voltava gloriosamente para Deus?" Talvez essa dúvida nunca tenha passado pela sua cabeça, mas não são todos os abençoados com uma família cristã de fato - alguns casos são como o meu... Você sabe por que Jesus veio, sofreu, morreu e ressuscitou?

A ideia do purgatório me deixava tranquilo, pois eu nunca fui um cara muito mau, mas o preço dessa tranquilidade era o distanciamento de Deus, afinal, "eu poderia buscar o Espírito Santo quando fosse para lá." E o Diabo? era o deus do inferno, um deus como tantos outros que faziam parte da minha vida.

Há ainda uma coisa que eu não contei... Eu vivia com medo da morte. Pois é... Eu não era convicto sobre a existência absoluta de Deus e vivia me perguntando como seria depois... Por muito tempo eu chorei, até que eu achei melhor me acalmar, pois, se eu morresse, "coisa pior do que deixar de existir não ía acontecer," e o meu fim seria o fim da minha ansiedade. Estar no purgatório seria a minha maior alegria, pois então eu teria garantida a minha salvação eterna.

Na minha casa havia uma Bíblia enorme, em cuja capa estava gravado o rosto do Papa, que eu costumava ler. Eu também me perguntava por que os padres não podiam formar uma família, enquanto outras questões continuavam sem respostas e outras tantas surgiam. Algumas dessas questões, no entanto, tinham respostas claras na Bíblia: O sacerdote deve ser o homem de uma família, Deus é o senhor de todo o poder e nossas orações não devem passar por ninguém senão Jesus. "Eu não quero mais fazer parte deste politeísmo disfarçado de monoteísmo..."

Algum problema? Eu me tornei evangélico e muita coisa mudou de fato. "Se Deus, o meu pai, escreveu este livro, é melhor eu não perder o foco." Não, a minha vida não se transformou de água em vinho; e a religião, seja qual for, não salva; mas eu acreditava que, se Deus existisse, a Bíblia era o caminho para Ele, não as pessoas e tradições... (Como uma criação humana poderia me levar até o Deus criador do Universo?)

E Jesus? Continuava uma incógnita... Eu o chamava de Mestre, Senhor e Salvador, mas não o conhecia de fato. Por que? A minha fé era baseada na minha inteligência e na minha percepção do mundo, não em Deus. Eu queria acreditar em algo para me defender da depressão que me perseguia e tinha vários motivos humanos para acreditar em Jesus, oras. Eu já não via contradições na Palavra e não tinha motivo algum para duvidar do poder de Deus, que já se manifestava na minha vida.

Até aí eu cheguei por mim mesmo: pelas minhas ideias e minhas conclusões. Eu já era uma pessoa honesta, bondosa e me dizia filho de Deus. Então eu me deixei contaminar tentando "cristianizar" os meus costumes, santificá-los com algumas mudanças apenas, de forma que eu não tivesse que me desfazer deles.

Eu ainda não tinha entendido que Jesus queria que eu morresse para o mundo para que Ele pudesse me ressuscitar para Deus. Eu demorei muito para admitir que eu não poderia chegar a Deus senão pela Sua ação e que eu não merecia estar vivo. Então eu fui batizado, não pela minha bondade, nem pela água das mãos de um pastor, mas pelo poder do Espírito Santo.

Antes eu era ensinado a ser bonzinho para que pela minha bondade eu fosse salvo e a achar que os crentes eram arrogantes por se dizerem salvos. Mas quanta ignorância e arrogância é achar que vai se salvar por causa da própria bondade - assim pensavam alguns judeus e eu não era muito diferente. Agora, no entanto, eu não sou mais um judeu, eu sou um pecador feliz por poder praticar qualquer boa ação e justificado pelo sangue de Jesus que me purificou dos meus pecados.

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